quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Modo de produção

Modos de produção: a história da transformação da sociedade humana

O modo de produção é a maneira pela qual a sociedade produz seus bens e serviços, como os utiliza e como os distribui. É chamado também de sistema econômico.
Assim, numa determinada época histórica, uma sociedade tem uma certa maneira de se organizar para produzir e para distribuir sua produção.
O modo de produção de uma sociedade é formado por suas forças produtivas e pelas relações existentes nessa sociedade. Assim: o conceito de modo de produção resume claramente o fato de as relações de produção serem o centro organizador de todos os aspectos de sociedade.
Ao longo da História, a espécie humana tem produzido de vários modos aquilo de que necessita. Por isso, pode-se afirmar que a História da humanidade é a história da transformação da sociedade humana pelos diversos modos de produção.
Como vimos, cada sociedade tem uma forma histórica de produção que lhe é própria; e sua história é a história do desenvolvimento do seu processo de produção.
Foi esse processo de desenvolvimento que ocasionou o aparecimento dos principais modos de produção. São eles: primitivo, escravista, asiático feudal, capitalista e socialista.
Cada modo de produção pode ter existido em lugares e épocas diferentes. Por exemplo, o modo de produção primitivo existiu nos primeiros tempos da humanidade e existe ainda hoje entre indígenas do Brasil e aborígine da Austrália. Da mesma forma, o modo de produção escravista predominou na Grécia e no Império Romano antes de Cristo, como também no Brasil, entre os séculos XVI e XIX.

Principais modos de produção

Modo de produção primitivo

Inicialmente, os humanos viviam em tribos nômades e dependiam exclusivamente dos recursos da região em que a tribo se encontrava. Sobreviviam graças à coleta e ao extrativismo: caçavam animais para se alimentar e para usar as peles como roupas, pescavam e colhiam frutos silvestres. Não dominavam a natureza. Passavam privações quando acontecia alguma alteração climática brusca e a caça, a pesca e os frutos silvestres rareavam.
Aos poucos a espécie humana começou a cultivar a terra, produzindo verduras, legumes, frutas e cereais; passou a criar alguns tipos de animais. Quando isso aconteceu, as pessoas deixaram de ser nômades e passarem a ser sedentárias, isto é tiveram condições de se fixar num lugar.
Durante toda a História, o ser humano sempre transformou a natureza para produzir bens que satisfizessem suas necessidades básicas e também que lhe proporcionassem uma vida mais confortável.
A comunidade primitiva foi à primeira à organização humana. Ela existiu em diversas partes da terra há dezenas de milhares de anos. Ainda hoje, na África, na Austrália, na Nova Zelândia e na região da Amazônia, encontramos tribos com esse tipo de organização: alimenta-se de frutos e raízes, da pesca e da caça, e não praticam a agricultura nem o pastoreio.
O modo de produção primitivo designa uma formação econômica e social que abrange um período muito longo, desde o aparecimento da sociedade humana. A comunidade primitiva existiu durante centenas de milhares de anos, enquanto o período compreendido pelo escravismo, feudalismo e capitalismo mal ultrapassa cinco milênios.
Na comunidade primitiva os homens trabalhavam em conjunto. Os meios de produção e os frutos do trabalho eram propriedade coletiva, isto é, de todos. Não existia ainda a idéia de propriedade privada dos meios de produção.
Nas comunidades primitivas – onde tudo era de todos – não havia o Estado. Este só passou a existir quando alguns homens começaram a dominar outros. O Estado surgiu como um instrumento de organização social e de dominação.

Modo de produção escravista

É um modo de produção que predominou na Antigüidade, mas que também existiu no Brasil durante a Colônia e o Império.
Na sociedade escravista os meios de produção (terras e instrumentos de produção) e os escravos eram propriedades do senhor. O escravo era considerado um instrumento, um objeto, como um animal ou uma ferramenta.
Assim, no modo de produção escravista, as relações de produção eram relações de domínio e de sujeição: senhores x escravos. Um pequeno número de senhores explorava a massa de escravos, que não tinha nenhum direito.
Os senhores eram proprietários da força de trabalho (os escravos), dos meios de produção (terras, gado, minas, instrumentos de produção) e do produto do trabalho.
Nesse modo de produção já existia o Estado, pois grupos de indivíduos dominavam outros grupos. O Estado surgiu para garantir o interesse dos senhores.



Modo de produção asiático
O modo de produção asiático predominou no Egito antigo, na China, na Índia, entre os astecas do México e os incas do Peru, e também na África do século passado.
Tomando como exemplo o Egito antigo, no tempo dos faraós, vamos notar que a parte produtiva da sociedade era composta por escravos – que executavam trabalhos forçados – e por camponeses – que eram obrigados a entregar ao Estado o que produziam. as terras pertenciam ao Estado e, portanto, ao faraó, já que ele encarnava o Estado. Os grupos privilegiados da sociedade eram os sacerdotes, os nobres, os funcionários e os guerreiros.
O excedente da produção possibilitava que o faraó destacasse um grande grupo de homens para construir o exército, outro grupo para construir as obras grandiosas (pirâmides, templos, canais de irrigação) e o grupo dos sacerdotes para preservar o saber sagrado.
Essa organização social permitia que a parcela maior do excedente da produção fosse consumida por esses segmentos improdutivos da sociedade, o que foi minado cada vez mais o modo de produção asiático.
Vários foram os fatores que determinaram o fim do modo de produção asiático:
A propriedade da terra pelos nobres;
O alto custo de manutenção dos setores improdutivos;
A rebelião dos escravos.
No caso dos impérios inca e asteca, também contribuiu para o seu fim a conquista do território pelos espanhóis.


Modo de produção feudal
O modo de produção feudal predominou na Europa ocidental durante toda Idade Média, permanecendo até o século XVI. O Japão, a sociedade feudal foi consolidada pelo xogunato (século XVIII).
A sociedade feudal estruturava-se basicamente em senhores x servos. As relações de produção no feudalismo (relações servis) baseavam-se na propriedade do senhor sobre a terra e um grande poder sobre o servo. Os servos não em como os escravos: eles cultivavam um pedaço de terra cedido pelo senhor, sendo obrigado a pagar a ele impostos, rendas, e ainda a trabalhar as terras que o senhor conservava para si. O servo tinha o usufruto da terra, ou seja, uma parte do que a terra produzia era dele. Assim, trabalhava uma parte do tempo para si e outra para o senhor.
Outra diferença importante entre o servo e o escravo é que o senhor de escravos era dono do escravo, podendo vendê-lo, alugá-lo, etc. com o senhor de servos isso não ocorria: o servo, enquanto pessoa, não era propriedade de seu senhor.
Os senhores feudais tinham o poder econômico (eram os proprietários das terras) e o poder político (faziam as leis do feudo e obrigava os servos a cumpri-las).
Num determinado momento, as relações de produção feudais começaram a dificultar o desenvolvimento das forças produtivas. Ao mesmo tempo em que a exploração dos servos no campo aumentava, o rendimento da agricultura era cada vez mais baixo. Na cidade, o crescimento da produtividade dos artesãos era freado pelos regulamentos existentes, e o próprio crescimento das cidades era impedido pela ordem federal.
As relações feudais de produção deixaram de responder às necessidades épocas, pois o processo de desenvolvimento exigia novas relações de produção.
Dentro da própria sociedade feudal já começavam a aparecer às relações capitalistas de produção.

PS. Os modos de produção Capitalistas e socialistas serão analisados posteriormente.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Estrutura organização e mudança social

Estrutura e Organização Social
Numa escola trabalham o diretor, o coordenador pedagógico, vários professores, o secretário e os serventes, além dos alunos. Cada um desses elementos ocupa uma posição social, um status no grupo. Cada posição está relacionada com as demais, e todas elas, em conjunto, formam a estrutura da escola.
Estrutura social, portanto, é esse conjunto ordenado de partes encadeadas que formam um todo. Dito de outro modo, a estrutura social é a totalidade dos status existentes num determinado grupo social ou numa sociedade.
Cada um dos participantes de uma estrutura desempenha o papel correspondente à posição social que ocupa. O conjunto de todas as ações que são realizadas quando os membros de um grupo desempenham seus papéis sociais compõem a organização social. Esta corresponde, portanto, ao funcionamento do organismo social.
Durante o período letivo, a organização da escola é bastante dinâmica. No período de férias, porém, baixa a níveis mínimos, pois quase todos os elementos que a constituem não estão desempenhando seus papéis.
Assim, enquanto estrutura social dá idéia de algo estático, que simplesmente existe, a organização social dá idéia de uma coisa dinâmica, que acontece.
A estrutura social se refere a um grupo de partes (reunião de indivíduos, por exemplo), enquanto a organização social se refere às relações que se estabelecem entre as partes.
Quanto mais complexa a sociedade, maior e mais complexa sua estrutura e sua organização social.
Tanto a estrutura quanto a organização social permanecem sempre iguais. Elas podem passar, e passam com freqüência, por um processo de mudança social.

Estratificação e Mobilidade Social
Estratificação Social
A estratificação social indica a existência de diferenças, de desigualdade entre as pessoas de uma determinada sociedade. Ela a existência de grupos de pessoas que ocupam posições diferentes.
São três os principais tipos de estratificação social:
• Estratificação econômica – Baseada na posse de bens materiais, fazendo com que haja pessoas ricas, pobres e em situação intermediária;
• Estratificação política – Baseada na situação de mando na sociedade (grupos que tem grupos que não tem poder);
• Estratificação profissional – Baseada nos diferentes graus de importância atribuídos a cada profissão pela sociedade. Por exemplo, em nossa sociedade valorizamos muito mais a profissão de médico do que a profissão de pedreiros.
É importante lembrar que todos os aspectos de uma sociedade – econômico, político, social, etc. – estão interligados. Assim, os vários tipos de estratificação não podem ser entendidos separadamente. Por exemplo, as pessoas que ocupam altas posições econômicas em geral também têm poder e desempenham funções valorizadas socialmente. No entanto, o aspecto econômico é mais importante que os outros na caracterização da sociedade. Para compreender como se dá à estratificação econômica numa sociedade, por exemplo, podemos realizar duas opções:
- Reunirmos as pessoas em grupos de acordo com o nível de rendimento que apresentam;
- Formados os grupos com pessoas de uma mesma situação econômica, hierarquizamos esses grupos.
Assim procedendo, teremos, de acordo com o critério nível de rendimento:
• Grupo A – Pessoas de renda alta;
• Grupo B – Pessoas de renda média;
• Grupo C – Pessoas de renda baixa.
Veja na figura abaixo como esses grupos podem ser representados através de uma pirâmide de renda:


Classe alta

Classe média
Classe baixa.



A estratificação social é a divisão da sociedade em estratos ou camadas sociais. Dependendo do tipo de sociedade, esses estratos ou camadas podem ser: castas (Índia); estamentos (Europa ocidental) e classes sociais (países capitalistas).

Mobilidade Social
Em maio de 1953, Lourenço Carvalho de Oliveira, nascido na pequena aldeia da Vigia, no norte de Portugal, desembarcou no porto de Santos, depois de onze dias de viagem na terceira classe do Vera Cruz. Em sua terra deixara a mulher e três filhos pequenos, vivendo graças à solidariedade de parentes ou vizinhos.
Foi morar de favor na casa de um primo e arrumou emprego como ajudante num bar. Economizou muito, mandou buscar a família e conseguiu depois de um ano de trabalho e privações abrir uma pequena venda em sociedade com um amigo. O negócio foi crescendo: primeiro uma mercearia, depois um supermercado, a seguir outro e mais outro. Agora 35 anos depois de chegar ao Brasil, o Sr. Lourenço é dono de uma grande rede de supermercados, tendo-se tornado um dos mais influentes membros da Associação Comercial. Seus filhos estudaram até o curso superior e um deles é professor na Universidade de São Paulo.
Esse caso mostra que os indivíduos, numa sociedade capitalista, estratificada em classes sociais, podem não ocupar um mesmo status durante toda a vida. É possível que alguns deles, integrem a camada de baixa renda (C), passem a integrar a de renda média (B). Por outro lado, alguns indivíduos da camada de alta renda alta (A), por algum infeliz acontecimento, podem ver sua renda diminuída, passando a integrar as camadas B ou C. Esse fenômeno é chamado de mobilidade social.
Mobilidade Social, portanto, é a mudança de posição social de uma pessoa num determinado sistema de estratificação social.
Quando as mudanças de posição social ocorrem no sentido de subir ou descer na hierarquia social, estamos diante de mobilidade social vertical. Esta pode ser:
• Ascendente, quando a pessoa melhora sua posição no sistema de estratificação social passando a integrar um grupo de situação superior a de seu grupo anterior.
• Descendente, quando a pessoa piora de posição no sistema de estratificação social, passando a integrar um grupo de situação inferior.
O filho de um operário que, através do estudo, passa a fazer parte da classe média, é um exemplo de mobilidade social vertical ascendente. A falência e o conseqüente empobrecimento de um comerciante, por outro lado, é um exemplo de mobilidade social vertical descendente.
Vejamos agora o caso de alguém que muda de uma cidade do interior para a capital, permanecendo na mesma classe social. Esse exemplo mostra uma pessoa que experimentou alguma mudança de posição social, mas que, apesar disso, permaneceu na mesma classe social.

Quando a mudança de uma posição social a outra se opera dentro da mesma camada social, diz-se que houve uma mobilidade social horizontal.
Outro exemplo de mobilidade social horizontal pode ser o de um operário que muda de religião, ou que se casa com uma moça de mesmo nível social, ou, ainda que muda de partido político.
O fenômeno da mobilidade social varia de sociedade para sociedade. Em algumas sociedades ela ocorre mais facilmente; em outras, é praticamente inexistente no sentido vertical ascendente socialmente em São Paulo de que numa cidade do Nordeste. A mobilidade social vertical ascendente também é mais freqüente na sociedade americana do que na Índia, onde praticamente não existe. Esse tipo de mobilidade é mais intenso numa sociedade aberta, democrática – como nos Estados Unidos -, do que numa sociedade aristocrática por tradição, como a Inglaterra.
Entretanto, é bom esclarecer que, numa sociedade capitalista mais aberta dividida em classes sociais, embora a mobilidade social vertical ascendente possa ocorrer mais facilmente do que em sociedades fechadas, ela não se dá maneira igual para todos os indivíduos. A ascensão social depende muito da origem da classe de cada indivíduo. Alguém que nasce e vive numa camada social elevada tem mais oportunidades e condições de se sair melhor do que aqueles que são originários das camadas inferiores.








1. Castas Sociais

Como vimos anteriormente, existem sociedades em que os indivíduos nascem numa camada social mais baixa e podem alcançar, com o decorrer do tempo, uma posição social mais elevada.

No entanto, existem sociedades em que, mesmo usando toda a sua capacidade e empregando todos os esforços, o indivíduo não consegue alcançar uma posição social mais elevada. Nesses casos, a posição social lhe é atribuída por ocasião do nascimento, independentemente da sua vontade e sem perspectiva de mudança. Ele carrega consigo, pelo resto da vida, a posição herdada.

A sociedade indiana é estratificada dessa maneira. Desde há muito tempo implantou-se na Índia um sistema de estratificação social muito rígido e fechado, que não oferece a menor possibilidade de mobilidade social de um dos cônjuges, na Índia o casamento só é permitido entre pessoas da mesma casta.

Assim sendo, as castas sociais são grupos fechados, endógamos, cujos membros seguem tradicionalmente uma determinada profissão herdada do pai. Um indivíduo nasce numa casta e nela deve permanecer pelo resto da vida. Adquire ao nascer sua posição social, além de direitos e deveres específicos, não podendo ascender socialmente mediante qualidades pessoais ou realizações profissionais.

Pode-se esquematizar a estratificação social indiana através da seguinte pirâmide:










No topo da pirâmide social estão os brâmanes, que são sacerdotes e mestres de erudição sacra. A ele compete preservar a ordem social sob a orientação divina. Vêm a seguir os xátrias, guerreiros que formam a aristocracia militar; entre eles estão governantes de origem principesca, que têm a função de proteger a ordem social e o sagrado saber. Os vaicias, a terceira grande casta, são os comerciantes, os artesãos, os camponeses, os sudras executam os trabalhos manuais e as ocupações servis de toda espécie e constituem a casta mais baixa. É seu dever servir pacificamente às três castas superiores.

Fora e abaixo da pirâmide social localizam-se os párias, grupo de miseráveis, sem direitos ou quaisquer privilégios, sem profissão definida e que só inspiram asco e repugnância às demais castas. Vivem de piedade alheia; que não podem banhar-se no rio Ganges, nem ler os vedas, que são os livros sagrados dos hindus. Os pátrias aceitam com resignação seu lugar na sociedade e se conformam com a imutabilidade de sua situação por mais desprezível e inferior que seja.

Neste século, as reformas e as mudanças na economia do país, principalmente as provocadas pela industrialização, começaram a romper o sistema de castas sociais na Índia. Nos grandes centros, principalmente Nova Délhi e Calcutá, a abolição desse sistema vem sendo processada gradativamente. Entretanto ele ainda é arraigado no íntimo de cada hindu, sendo difícil desmontá-lo.



2. Estamentos

A sociedade feudal da Europa na Idade Média foi um exemplo típico de sociedade estratificada em estamentos.
Estamentos ou estado é uma camada social semelhante à casta, porém mais aberta. Na sociedade estamental a mobilidade social vertical ascendente é difícil, mas não é impossível.

Na sociedade feudal os indivíduos só muito raramente conseguiam ascender socialmente. Essa ascensão era possível em alguns casos: quando a igreja recrutava, em certas ocasiões, seus membros entre os mais pobres; quando os servos eram emancipados por seus senhores. Caso o rei conferisse um título de nobreza a uma homem do povo; ou ainda, se a filha de um rico comerciante se casasse com um nobre, tornando-se, assim, também membro da aristocracia.

Essas situações, como dissemos, eram difíceis de acontecer; normalmente as pessoas permaneciam no estamento em que haviam nascido.

A pirâmide social durante o feudalismo apresentava-se da seguinte maneira:










No topo da pirâmide encontravam-se a nobreza e o alto clero. Eram os donos das terras, da qual tiravam sua renda explorando o trabalho dos servos. Os nobres dedicavam-se à guerra e à caça e exerciam o poder judiciário. O alto clero (cardeais, arcebispos, bispos, abades) era uma elite eclesiástica e intelectual, e seus membros vinham da nobreza. Constituíam também a única camada letrada na primeira fase do período medieval, desempenhando importantes funções administrativas.

Vinham a seguir na pirâmide social os comerciantes. Embora muitas vezes ricos, eles não tinham os mesmos direitos da nobreza, além de sofrerem uma série de restrições legais em sua atividade. Essas restrições foram desaparecendo à medida que o feudalismo declinava.

Mais abaixo estavam os artesãos, os camponeses livres e o baixo clero. Os artesãos viviam nas cidades, reunidos em associações profissionais, os camponeses livres trabalhavam a terra e vendiam os produtos nas cidades; o baixo clero, originário da população pobre, convivia com o povo, prestando-lhe assistência religiosa.

Abaixo de todos estavam os servos, trabalhavam a terra para si e para seus senhores, vivendo em condições precaríssimas. Eles estavam ligados a terra mudava de dono.

A estratificação em estamentos – que representava um tipo intermediário entre a casta e a classe – era encontrada na Europa até fins do século XVIII.

3. Classes Sociais

Consideramos as seguintes situações: um rico fazendeiro, proprietário de uma grande extensão de terras, onde cria gado e planta café, empregando em sua propriedade dezenas de operários qualificados e não qualificados.

Esses exemplos são uma amostra da sociedade em que vivemos – a sociedade capitalista -, onde alguns são proprietários dos meios de produção e a maioria tem apenas sua força de trabalho. Assim, podemos dividir a sociedade capitalista em dois grandes grupos. Segundo a sua situação em relação aos elementos da produção:

• Proprietários, isto é, os proprietários dos meios de produção (terras, indústrias, etc.);
• Não-proprietários, isto é, os que são donos apenas de sua força de trabalho.

Como vemos, relações de produção dão origem a camadas sociais diferentes. A essas camadas – que se diferenciam pelo lugar que ocupam na produção de bens – damos o nome de classes sociais. Embora alguns autores usem a expressão “classe social”, simplesmente como sinônimo de camada social, aplicando-a, portanto a vários tipos de sociedade, é conveniente reservá-la para as sociedades capitalistas que a ela se aplica com maior precisão.

Na sociedade capitalista existem basicamente duas classes sociais: a burguesia (proprietária dos meios de produção) e o proletário (proprietária apenas de sua força de trabalho).










As pessoas recebem benefícios diferentes, conforme pertença a uma ou outra classe social. Por que isso acontece?

Essa desigualdade se explica porque são diferentes as relações que as pessoas mantêm com os elementos de produção (trabalho e meios de produção). De modo geral, os proprietários dos meios de produção (máquinas, terras, etc.) estão entre as pessoas de renda alta, enquanto aquelas que trabalham se situam no grupo de renda média (trabalho qualificado), ou no grupo de renda baixa (trabalho não qualificado). Da mesma forma, o prestígio social do que os trabalhadores. Também a distribuição do poder está baseada na posição dos indivíduo em relação aos elementos da produção.

A propriedade dos meios de produção possibilita, portanto, um maior nível de consumo, mais prestígio social e mais poder. Já os indivíduos que possuem apenas o seu trabalho não desfrutam das mesmas condições dos proprietários e são obrigados a trabalhar para eles, recebendo em troca uma remuneração, o salário.
É possível então chegar ao seguinte conceito de classe social: todo grupo de pessoas que apresenta uma mesma situação com relação aos elementos da produção constitui uma classe social.

Sem perder de vista a estratificação básica em duas classes sociais, e como consequência dela, podemos classificar a sociedade quanto ao nível de consumo de seus membros. Assim, os proprietários dos meios de produção podem adquirir bens e serviços de luxo; os que exercem um trabalho qualificado podem adquirir bens e serviços de preço intermediário; e aqueles que exercem um trabalho não qualificado só podem adquirir bens e serviços de primeira necessidade.

Daí concluímos que é possível representar a população de uma sociedade capitalista numa pirâmide social, conforme seu nível de consumo, que é um reflexo do seu nível de renda:









Na base da pirâmide social localiza-se o proletário, a classe dos trabalhadores, aquela que vive exclusivamente do seu trabalho. Acima do proletariado encontramos a classe média, também chamada de pequena burguesia, ou seja, aquela que viva do pequeno capital, como os pequenos profissionais liberais (advogados, médicos, engenheiros, etc.). No topo da pirâmide social está a grande burguesia, a classe alta: é a proprietária do grande capital, incluindo-se nela os grandes industriais, os banqueiros, os grandes comerciantes e os grandes proprietários de terra.
Concluímos então que não é possível compreender o aspecto social da sociedade capitalista (estratificação em classes sociais), sem levar em consideração seu aspecto econômico (a propriedade dos meios de produção).
Segundo o nível de renda, no Brasil e hoje podemos distinguir três classes: classe alta, classe média e classe baixa. A partir delas, é possível estabelecer várias subdivisões: classe média alta, classe média baixa, classe baixa superior e classe baixa inferior.

Desigualdades Sociais


I. Introdução

A nossa sociedade está organizada em classes sociais, que segundo Karl Marx, é um grupo de indivíduos que ocupa uma mesma posição nas relações de produção (infra-estrutura), é a classe social que condiciona a atuação do indivíduo na sociedade. Ainda segundo karl Marx, para se entender a política ou a cultura (superestrutura) de uma sociedade, temos primeiramente que entender as relações sociais de produção, que no nosso caso, sociedade capitalista, definem dois grandes grupos: a classe dominante, as detentoras do poder jurídico, da dominação cultural e dos meios de produção e a classe dominada, aqueles que nada possuem a não ser o seu corpo e sua força de trabalho.

Esta definição nos remete às conclusões dos textos de Sociologia, que estudamos até agora. No que se refere à cultura, ideologia, alienação, estética, percebemos que existe valores que nos são impostos, e que denominamos “valores da classe dominante”. Dentro dessa organização social percebemos diferenças e desigualdades sociais e é fundamental que saibamos explicar tais diferenças e desigualdades dentro da perspectiva histórica, até para concluirmos que os valores sociais mudam de acordo com o interesse da classe dominante.


II. As diferenças e desigualdades sociais em perspectiva histórica

1. Nas sociedades tribais: distribuídas pelos mais diferentes pontos da terra e com as mais diferentes estruturas sociais possuíam e ainda possuem, uma organização do trabalho baseada na divisão por sexo, usavam instrumentos rudimentares mas foram consagrados como “as sociedades da abundância”, já que com o mínimo de horas de trabalho destinado a produção conseguiam sustentar uma sociedade de onde nada lhes faltava, já que a riqueza está na vida e na natureza, não se preocupam em acumular riquezas por isso não promovem desigualdades nem exclusão social.

2. Na sociedade greco-romana: Uma sociedade civilizada, onde o trabalho era organizado segundo três concepções:

 Labor : trabalho que exigia esforço físico executado pelos submissos.
 Poiesis : trabalho de criar através do uso de instrumento ou das próprias mãos executados pelos artesãos e escultores.
 Práxis : trabalho que utiliza o discurso como meio para encontrar soluções voltadas para o bem-estar dos cidadãos.

Nesta sociedade já está expressa a relação entre status e trabalho, ainda nessa sociedade aparece a discussão a respeito da escravidão e pobreza. O escravo era aquele que por força das circunstâncias era submetido, por dominação (quando derrotados em guerras) ou por dívida (quando não conseguia honrar seus compromissos, nesse caso até cidadão poderia se tornar um escravo). Porém a pobreza era uma condição natural de alguns homens.

3. Na sociedade feudal: a terra era o principal meio de produção onde os trabalhadores tinham o direito ao usufruto e a ocupação da terra mediante a obediência e servidão, que gerava uma sociedade estruturada em estamentos e extrema exploração, onde o trabalho era uma verdadeira maldição, fruto do pecado original e deveria acontecer somente para sobrevivência, pois o tempo deveria ser usado para a oração e a salvação da alma.

4. Na sociedade capitalista: a Reforma Protestante veio trazer uma outra concepção para o trabalho, o pecado seria o vício e o desperdício, o trabalho gera riqueza e foi exatamente nessa sociedade, onde o trabalho gerou tanta riqueza onde as desigualdades sociais aparecem de maneira gritante, é que se tenta através das ciências e da filosofia sistematizar explicações sobre os fundamentos das desigualdades sociais, a partir do séc. XVI quando se instala uma nova ordem política e jurídica (teoria de Estado).

4.1. Interpretando as desigualdades:

Para Hobbes todos os homens eram naturalmente iguais o que tornava possível a luta incansável entre eles, tornado-se necessário o “acordo” entre os homens que se submeteriam ao poder soberano de Leviatã (Estado).

Para Locke o acordo ou o “pacto social”, a que se referia Hobbes, se faria entre homens livres e iguais, na medida em que tinham propriedades a zelar ou seja, a desigualdade social é meramente a condição de existir.

Para Rousseau, a própria condição social do homem leva à situação de desigualdade e que as desigualdades sociais não podem ser explicadas pelas desigualdades naturais (diferenças). A desigualdade social é gerada pela própria sociedade. Para Rousseau, os homens em seu estado de natureza eram livres e iguais e fizeram um pacto de submissão pelo bem comum, pelo bem da sociedade.

4.2. A pobreza como fracasso:

Com o desenvolvimento da sociedade industrial a partir do séc. XVIII, o capitalista e o operário, passam a ser os personagens na nova organização social, fundamentada teoricamente no liberalismo, que tinha como base a defesa da propriedade privada e o triunfo do homem de negócios. Nesse contexto os pobres não deveriam se revoltar, deveriam colaborar para a prevenção dos bens dos ricos que não eram culpados de serem ricos. Edmunde Burke (séc. XVIII) argumentava que “aos pobres, ninguém poderia ajudá-los já que Deus os havia abandonado...”

Voltaire, afirmava que para o pobre trabalhar constantemente, forma de purificá-los, deveria ter ganhos limitados para sempre se sujeitar ao trabalho, não adiantava pagar altos salários pois isso levaria o pobre a bebedeira e as gastos supérfluos, além de incentivar a desordem e a desobediência. A pobreza era decorrência do fracasso individual.

4.3. As desigualdades como produto das relações sociais:

No séc. XIX, aparecem várias teorias criticando as explicações sobre as desigualdades sociais, dentre elas a de karl Marx que desenvolveu ampla crítica sobre a noção de liberdade e igualdade do pensamento liberal, onde segundo Marx a liberdade seria liberdade de vender e comprar e justificava a apropriação e a dominação.

Para Marx, a sociedade é produto do conjunto de atividades humanas que podem ser definidos como ações recíprocas dos homens. Essas ações são de natureza diversas e portanto múltiplas, assumindo feições diferentes. Para Marx as ações recíprocas entre os homens, é que tornam a sociedade possível. Dessa maneira, sua reflexão sobre a desigualdade social não se restringe ao aspecto jurídico, mas também político. A questão da dominação garante a manutenção e a reprodução dessa condição desigual, onde uma classe produz e a outra se apropria da produção.

As desigualdades sociais são produzidas pelas relações econômicas, sociais, políticas e culturais, pois expressam concepções de mundo diferentes de acordo com cada classe. Participar de uma classe, significa para o indivíduo, partilhar de diversas atividades sociais que definem uma forma de pensar, de conceber a si e aos outros.




Bibliografia
Adaptação dos Textos da coleção: Os pensadores, Editora Abril.
Adaptação dos Textos da coleção: Grandes Cientistas Sociais, Editora Ática.





Mudança Social


1. O que é mudança social

O tema da reforma agrária está presente há bastante tempo nas discussões sobre os problemas mais graves que afetam o Brasil. Numa comparação entre o movimento pela abolição da escravidão no Brasil, no final do século passado e atualmente, o movimento pela reforma agrária, podemos perceber algumas semelhanças. Como na época da abolição da escravidão existiam elementos favoráveis e contrários a ela, também hoje há os que são a favor e os que são contra a implantação da reforma agrária no Brasil.

Na época da abolição havia indivíduos progressistas ou reformistas, que viam com agrado a abolição; e havia indivíduos que resistiam às mudanças, com atitudes tipicamente conservadoras e, às vezes, até mesmo atitudes reacionárias, isto é, de um conservadorismo exagerado. Entre os fazendeiros proprietários de escravos chegaram a ser organizados partidos políticos que se opunham à abolição. Também no Brasil de hoje existe a mesma situação: indivíduos com atitudes favoráveis à reforma agrária e indivíduos com atitudes contrárias a ela. Os fazendeiros da região do Araguaia, por exemplo, estão em conflito com posseiros, criando um foco de tensão no Centro-Oeste do Brasil.

A origem de tudo isso está no processo de mudança social.

Mudança social é qualquer alteração na forma de vida de uma sociedade. Nenhuma sociedade é perfeitamente igual a si mesma em dois momentos sucessivos de sua história. Com a abolição da escravidão, por exemplo, houve uma mudança social, uma modificação básica na instituição econômica. O trabalho passou a ser realizado por trabalhadores livres, que recebiam salário. Isso provocou uma mudança em toda a estrutura social brasileira.

Através da mudança social alteram-se as relações sociais. As modificações por que passou a família, por exemplo, levaram a uma menor distância social entre pais e filhos. As relações que, na família patriarcal, supunham uma estreita obediência dos filhos, foram hoje substituídas, em boa parte, por uma maior amizade entre pais e filhos.

O ritmo da mudança social varia de sociedade para sociedade: é lento nas sociedades mas simples, como as pequenas comunidades isoladas, e acelerado e até vertiginoso nas sociedades contemporâneas complexas, como as das grandes cidades.

O ritmo de mudança depende do maior ou menor número de contatos sociais com outros povos, do desenvolvimento dos meios de comunicação e também de certas atitudes individuais e sociais, que o aceleram ou dificultam. A multiplicidade de contatos com povos de costumes, padrões de vida e técnicas diversas faz acelerar as mudanças sociais.

Se é fato incontestável que a sociedade está sempre em mudança – lenta ou acelerada – também é certo que as mudanças não têm o mesmo ritmo em todos os setores das atividades sociais. Por exemplo, uma sociedade substitui mais facilmente um utensílio ou uma máquina do que uma crença, um modo de vida.


2. Causas da Mudança Social

A mudança social se estabelece de duas formas: através de forças endógenas (internas), isto é, por mudanças originadas dentro da própria sociedade (invenções); ou por forças exógenas (externas), quando são provenientes de outras sociedades (difusão cultural).

Primeiramente vamos diferenciar invenção de descoberta. Descoberta é a aquisição de um novo conhecimento, de uma informação nova. Invenção é o elemento ativo, é a aplicação da descoberta. Dizemos, então, descoberta da eletricidade e invenção da lâmpada; descoberta da energia atômica e invenção da bomba atômica. Assim, a mera descoberta não modifica a cultura ou a sociedade. Isso decorre de sua aplicação, isto é, da invenção.

Toda invenção pertence a uma sociedade determinada. Embora não seja a sociedade em seu conjunto que invente, mas sim os indivíduos, a sociedade fornece as bases, pois todo inventor utiliza o conhecimento acumulado de sua cultura. Cada geração não parte da estaca zero, mas de uma herança social transmitida. O patrimônio cultural e a necessidade social é que geram as invenções. Teria sido praticamente impossível a Einstein elaborar a Teoria da Relatividade se tivesse nascido entre os esquimós, por exemplo.

Contudo, para se modificar, uma sociedade não conta apenas com suas próprias invenções. Se fosse assim, as mudanças sociais: é a difusão cultural. A língua que falamos, a religião que seguimos, muitos utensílios e máquinas que usamos não se formaram nem foram inventados no Brasil. É a difusão que aumenta e expande a cultura das várias sociedades e acelera o ritmo de mudança.

Como já vimos, é mais fácil difundir técnicas do que valores, idéias, sistemas religiosos ou filosóficos. Estes estão impregnados de reações emotivas, de significado difícil de copiar e de assimilar. Além disso, os valores morais, os modos de vida e as religiões têm um enraizamento mais profundo no ser humano do que a utilização de técnicas e máquinas; portanto, são mais difíceis de serem substituídos.

Por outro lado, quando um elemento cultural é considerado útil e quando é compatível com a cultura de uma sociedade, ele é mais facilmente aceito. Um novo modelo de vestido ou paletó pode ser adotado com facilidade no Brasil, enquanto uma túnica africana para homens, por exemplo, encontrará grande resistência entre nós, pois vai contra os costumes tradicionais do país.

No processo de difusão, o prestígio da cultura: doadora também é um dado importante na aceitação ou não dos valores que estão sendo difundidos. Os costumes e modas vindos dos Estados Unidos, por exemplo, espalham-se com extrema facilidade nas cidades brasileiras.

Outro fator que influencia a aceitação é a novidade. Em geral, tudo que é aceito mais facilmente. As novidades se referem quase sempre a aspectos não essenciais da cultura – um produto novo, um novo corte de cabelo, a maneira de se vestir, etc..

Desde que a mudança social é em boa parte conseqüência das invenções, quanto maior for o número destas, tanto mais rápida será a mudança. As características marcantes das sociedades contemporâneas são, as rápidas mudanças que ocorrem incessantemente, devido ao grande número de invenções. A utilização de computadores em praticamente, todos os ramos da economia, por exemplo, tem provocado mudanças na forma de trabalho e também nas relações de trabalho.


Bibliografia:
TURNER. Jonathan H. Sociologia – conceitos e aplicações. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2000.